Nome de Elberto Madruga em meio a polêmica na Câmara de Pelotas


Motivo de polêmica no mês passado, a possível mudança no nome do plenário da Câmara de Vereadores de Pelotas gerou um intenso debate sobre manter ou não a atual homenagem ao ex-prefeito, Bernardo Olavo Gomes de Souza. Após ser remetida às comissões, a proposição do vereador Vitor Paladini (PSB) acabou sendo retirada da pauta após a constatação de erros formais.
De acordo com Paladini, o equívoco se refere à formalização incorreta do projeto de lei que preconiza a nomeação do espaço quando na realidade deveria solicitar a renomeação do mesmo, pois este já possui nomenclatura. Apesar de reconhecer que a pressão envolvida nos debates também influenciou na remoção do projeto, o parlamentar diz que a ideia é fruto de um conjunto de vereadores e assim que corrigido deve voltar a pautar a mudança do título de batismo do plenário para Vereador Elberto Madruga. A estimativa é de que na quinta-feira (18) as alterações já tenham sido concluídas e o PL volte a ser disponibilizado para apreciação em busca da homenagem a um dos primeiro políticos negros da cidade e também ex-prefeito de Capão do Leão.
Questionado sobre o que pode representar a substituição, Paladini diz que a iniciativa se refere à congratulação de outra pessoa que também desenvolveu papel importante no cenário político. “Eu não tenho o menor desejo de desomenagear o Bernardo”, declara. 

Elberto Madruga, vida política
A vida política de Elberto Madruga começa em Pelotas em 1951, quando se elege vereador à Câmara Municipal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Obtém 448 votos e classifica-se em 11º lugar entre seus pares.
Concorre, desde então, aos pleitos subsequentes, até 1978, reelegendo-se, sempre, a partir de sua base eleitoral, o [então] distrito do Capão do Leão, de cujo município, uma vez emancipado, viria a ser, como era, o primeiro prefeito. Exerceu a vereança durante 31 anos.
Getulista, fiel à doutrina social pregada pelo então presidente, jamais mudou de partido, a não ser para os sucedâneos do antigo PTB, ou seja, o MDB e o... PMDB, atual.
Na Câmara Municipal, exerceu seguramente todos os postos desde a presidência aos demais cargos da Mesa, das comissões técnicas, liderança da bancada e comissões especiais, assim como em diversas oportunidades integrou o quadro de dirigentes do seu partido.
Combativo na defesa de suas ideias e das diferentes situações que sustentou ao longo dos seus sete mandatos de vereador, caracterizava-se, ao mesmo tempo, por uma serenidade invulgar. E, a despeito do seu ardor partidário, procurou sempre, quando da decisão dependiam os altos interesses do município, colocar-se ao lado de Pelotas, votando, tantas vezes, a favor dos projetos oriundos do Poder Executivo, dirigido por mandatário de partido antagonista.
Era, assim, pessoa estimada e sobretudo respeitada por políticos de todas as agremiações que o desejavam em seus quadros. Conta-se que o então prefeito Adolfo Fetter, admirador das suas virtudes, confessava que, se alguma frustração pudesse ter como dirigente político, essa, certamente, seria a de não conseguir a adesão de Elberto Madruga ao seu partido.
Esteve sempre ligado ao “seu Capão do Leão”, para onde viera doente, de Rio Grande, sem grandes esperanças de recuperação. Recobrou, contudo, a plenitude da saúde, e dedicou o resto de sua vida àquela localidade, lutando em duas ocasiões, por sua emancipação e culminando no exercício do cargo de prefeito, o primeiro da história da nova comuna, desde 1982.
Elberto Madruga, que prestou relevantes serviços a Pelotas e a esta região, há de ser sempre lembrado com saudade por uma legião enorme de amigos e admiradores, e será sempre respeitado por sua nobreza de caráter, por sua lealdade aos companheiros, por sua fidelidade aos princípios que desde moço abraçara e por inúmeras outras virtudes, que faziam dele uma personalidade de escol.


Fonte: Diário Popular e Capão do Leão História e Cultura
Mantido o texto original

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