"Jeitinho brasileiro": por aqui essa expressão é levada a sério

Mas afinal o que é "jeitinho brasileiro"?
O Brasil é o país do “jeitinho.” Somos famosos mundialmente por “dar um jeitinho para tudo” e pela nossa malandragem. O potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade, características centrais do jeitinho, é ao mesmo tempo algo que podemos sentir orgulho e vergonha, pois ao mesmo tempo que o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, também se refere à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa. (Fonte: saite SocialMente)

Por aqui, essa história é levada a sério
E o Capão do Leão parece fazer história. Pelo menos para a maior parte de nossos "representantes". Não me refiro ao agir corruptamente, porque nem quero entrar nesse mérito; mas por achar um jeitinho para esquivar das responsabilidades do cumprimento do seu dever como agente público rapidamente. Sempre se dá um jeito (brasileiro) ou uma desculpa esfarrapada somente para protelar determinada situação.
Quer ver?
Ontem, eu estava numa audiência pública na Câmara de Vereadores para tratar de um tema muito delicado no município: a quantidade de animais soltos e abandonados.
Bem, de tantas coisas que foram ditas, umas merecem aplausos; outras, nem tanto. Por exemplo, ao relatar sobre a quantidade e a criação de animais de grande porte dentro do perímetro urbano, uma funcionária da vigilância sanitária inovou: disse que conversou com o prefeito (e esse achou uma maravilha) e tiveram a ideia de que se criasse no município a possibilidade de permitir que uma pessoa pudesse criar dois animais de grande porte (uma vaca e um cavalo) dentro da área urbana. Só que nosso código de posturas proíbe tal situação, assim como uma lei estadual. Mas afinal, o que devemos fazer, adequar as leis às pessoas, ou, fazê-las cumprir? É bem mais fácil agradar todo mundo, afinal tem gente que não sabe dizer não. Menos mal que teve um vereador que foi nessa mesma linha de pensamento!
Quer ver outro exemplo?
Dias atrás estava conversando com um vereador e lhe relatava o problema do lixo no nosso município, que em todo lugar que tu vais, só vê lixo espalhado. Me disse que a única solução era fiscalizar e multar quem jogasse lixo na rua. Que estava tentando uma emenda no Código de Posturas, mas achava difícil esse projeto passar porque era anti-popular, poderia trazer "problemas" políticos para quem aprovasse. Ninguém quer ir contra seu eleitorado. É o pessoal e privado acima do coletivo e do público. 
Mais...
De tanto eu encher o saco da pessoa responsável, por causa de um lixão privado na frente da minha casa, que ela simplesmente tomou uma atitude inesperada (ou seria desesperada?). O cara chegou para o proprietário do local e largou de boa: "vais ter que sair daqui porque o Jesus não te quer aqui.
Como assim? Pensei eu. Não era mais fácil essa pessoa usar a autoridade que lhe cabia e simplesmente cumprir a lei? Ora, ele poderia muito bem dizer para a pessoa: "olha, tu não tens licença ambiental, nem alvará, aqui é área de risco, a legislação municipal não permite tal empreendimento em zona exclusivamente urbana, vamos te dar um prazo de tanto tempo", etc. Mas não, usou de artimanha para tirar a responsabilidade de si para passar para outrem. 
Mas aí alguém me disse esses que aqui é assim, sempre que se quiser alguma coisa, autoridade responsável diz que é por causa de alguém. Uma lástima. Deveríamos fazer cumprir a lei, municipal, estadual ou federal, não podemos usar de artimanhas para descumprir a lei. A lei foi feita para se cumprir e assim devemos agir. Ah, mas é uma questão cultural, como disse alguém ontem na Câmara. Tudo bem, mas era uma questão cultural também pilotar sem capacete, alguém lembra? Não devemos querer adaptar a lei aos nossos interesses, mas adaptar nossas ações à legislação. Senão a situação vira um caos.

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