Campanha eleitoral para vereador em Capão do Leão em 2020: alguns dados estatísticos

Por Joaquim Dias

Na última eleição ocorrida em Capão do Leão, a de 2018, havia 16.270 eleitores votantes, sendo que a imensa maioria dos mesmos (16.247) já estava cadastrado no novo sistema biométrico de votação. Em 2020, deve haver uma leve variação no número de eleitores no município, dado o número de óbitos ainda não contabilizados e um decréscimo ou acréscimo sensível na população residente.
Se utilizarmos os dados de 2018, de forma pura, sem considerar votos brancos, nulos e abstenções que irão ocorrer, o coeficiente eleitoral para a disputa a vereança ficaria em 1.479 votos. Isto é, cada partido para eleger um vereador deverá em conjunto adquirir essa soma de votantes. Para eleger dois, o dobro; três, o triplo, e assim sucessivamente. Mas esse seria o cenário ideal que, como dissemos, não ocorreria nenhum voto branco ou nulo e nenhuma abstenção. Historicamente, analisando os três pleitos anteriores no município (2016, 2012 e 2008), brancos, nulos e votações tendem a construir um montante de 12% a 18% no processo para vereador. Por isso, num palpite despretensioso, é mais plausível que o coeficiente eleitoral se situe entre 1250 a 1400 votos. Tudo vai depender do comportamento do eleitor. Embora, há uma tendência presente no município desde a eleição de 1988: o número total de votos válidos para vereador é sempre maior que o número total de válidos para prefeito. Acontece que o eleitor se decide mais firmemente em escolher um vereador do que escolher um prefeito.
Em 2020, Capão do Leão terá 98 candidatos a vereador. É menos que os 106 presentes em 2016, os 108 de 2012, porém é mais que os 68 candidatos de 2008, 56 em 2004 e 85 em 2000. 

Alguns dados do perfil dos candidatos a vereador
A média de idade dos candidatos situa-se em 45 anos e 8 meses de idade. Há dois candidatos mais jovens com 21 anos e o candidato mais velho tem 73 anos. Há 32 candidatas mulheres, 66 candidatos homens e nenhum candidato trans.
Quanto à profissão, as três mais citadas são: 10 funcionários públicos municipais, 10 comerciantes e 5 aposentados. Apesar que, neste ínterim, 18 candidatos assinalaram a opção “Outros” no registro junto ao Tribunal Regional Eleitoral, o que conota uma indefinição teórica em relação à sua ocupação e pode incluir uma gama muito diversa de atividades.
Quanto à naturalidade, mais da metade é de Pelotas (59 candidatos ao todo), e 12 candidatos tem como local de nascimento o próprio Capão do Leão. O terceiro município mais citado como naturalidade é Canguçu, com 4 candidatos. Também se encontra nascidos em São Lourenço do Sul, Bagé, Piratini, Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Morro Redondo, São Gabriel, Encruzilhada do Sul, Rodeio Bonito, Nonoai, Camaquã e Caçapava do Sul. Fora do Rio Grande do Sul há um candidato nascido em Mogi das Cruzes/SP e outro nascido nos Estados Unidos da América.
Apenas 10 candidatos são negros ou pardos, nenhum indígena, nenhum oriental e 88 são caucasianos. Quanto à escolaridade, 30 candidatos possuem o ensino fundamental incompleto, 11 o ensino fundamental completo, 06 o ensino médio incompleto, 25 o ensino médio completo, 09 o ensino superior incompleto e 17 possuem o ensino superior completo. Vale frisar que nenhum candidato precisou comprovar alfabetização junto ao TRE. 
Dos atuais 11 vereadores que foram eleitos em 2016, um aspira a um cargo executivo, quatro não irão concorrer e seis disputam a reeleição ao Legislativo. Quatro ex-vereadores de legislaturas anteriores buscam o retorno à Câmara e uma candidata chegou a ocupar cadeira legislativa na condição de suplente.

Disputa mais acirrada e igualitária
Lembra daquelas eleições em que um candidato a vereador era eleito com pouco mais de 150, 160 votos, e um que beirava 500 ficava de fora. Com a nova regra eleitoral, isso dificilmente acontecerá, pois não estão mais permitidas as coligações na disputa para vereador. Acontecia de dois ou três mais votados “puxarem” um outro da coligação com votação bem mais modesta.
Por outro lado, esse novo cenário impõe um grande desafio a todos partidos: cada agremiação política como um todo vai ter que possuir candidatos empenhados em fazer muitos votos. Isto pode parecer óbvio, pois a princípio todo candidato deseja ganhar uma oportunidade. Mas sabemos que não é assim. Alguns candidatos em eleições anteriores (muitas!) figuravam apenas. No ano 2000, usemos como exemplo, pela primeira vez o PT elegeu um vereador: Mauro Nolasco com 506 votos. A segunda colocada do partido, Gilciane Baldassari fez 490 e não foi eleita. Nesta mesma eleição, o PT teve uma outra candidata que ultrapassou 200 votos e dois outros que ultrapassaram 100 votos. O resto ficou abaixo de 70(!). O comparativo torna-se claro ao percebermos que, na mesma eleição, o PDT conseguiu colocar quatro vereadores na Câmara e todos com votação menor que a candidata Gilciane Baldassari, tendo os quatro se situado entre 440 e 350 votos. Em compensação, o mesmo PDT teve três candidatos não-eleitos que ultrapassaram 200 votos e seis que ultrapassaram 100 votos. Um outro exemplo clássico na história leonense foi a eleição de 1996: Édson Ramalho então candidato a vereador, que chegou a ser vice-prefeito do município anos depois, obteve a retumbante votação de 830 votos pelo PSDB. Foi eleito? Não. Os outros nove candidatos do partido juntos somaram pouco mais de 400 votos. O partido não conseguiu atingir o coeficiente de uma cadeira sequer no legislativo.
Por isso, a tendência de elegerem-se candidatos fortes de partidos fortes (no sentido de mais organizados) é mais presente neste pleito. Mesmo que se tenha um “puxa-voto” num determinado partido, o seu colega de agremiação sendo fraco, não é um adversário a menos, mais um empecilho a mais. Por isso, os partidos terão que se atentar com a “política de figuração”, principalmente o que acontece historicamente com as candidatas mulheres. Não vai adiantar muito fazer a Dona Filomena da Venda assinar o registro junto ao TRE, se ela trouxer meros 50 votos à legenda. Numa situação anterior, em que dois partidos juntos poderiam ter dois candidatos fortes e mais uns cinco ou seis medianos que agregassem, se poderia galgar três cadeiras na Câmara com muita probabilidade. Agora, se um partido tem dois candidatos fortes, mas poucos candidatos medianos e um grande número de “figurantes”, se corre o risco de até não conseguir uma vaga sequer.
Dia 15 de Novembro conheceremos os novos ou reeleitos vereadores do município. Boa campanha a todos! Até lá, a disputa prossegue. E somente para constar: que ninguém invente em votar na Dona Filomena da Venda – ela não existe, serviu apenas para ilustrar uma situação.

Fonte dos dados: www.tre-rs.jus.br
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